28 Dez O Fenómeno da Comparação Social
No mundo digital em que vivemos hoje em dia, a comparação social é algo que se mantém bastante presente nas nossas vidas, ainda que, na maioria das vezes, aconteça de forma inconsciente. Mas afinal, será esta comparação social sempre negativa para nós? Será algo que devemos eliminar?
Na verdade, a comparação social é inata, faz parte da natureza humana e é até fundamental para nos desenvolvermos individualmente. No entanto, é do senso comum que a comparação social pode também trazer grandes desvantagens e consequências negativas para a nossa autoestima. Esta ambiguidade acontece porque existem diferentes formas de comparação social.
Quando nos comparamos com alguém que acreditamos ser superior a nós numa determinada área, geralmente, essa comparação vai afetar a nossa autoestima. Ainda que, em alguns casos, este tipo de comparação possa ser útil para aprendermos informação relevante para nós, noutros casos, ajuda na criação de julgamento e pode fazer-nos sentir inferiores. É neste último exemplo que se enquadram os efeitos negativos das redes sociais. Neste mundo virtual, tudo parece perfeito na medida em que as pessoas apenas publicam o melhor das suas vidas, criando a ilusão de que é fácil e acessível para todos ter um corpo perfeito, o trabalho de sonho e a casa ideal. Assim, como tudo parece tão superior, a tendência é categorizar-nos como inferiores ou menores. Estudos indicam que quanto mais as pessoas se comparam negativamente nas redes sociais, maior a tendência para ruminar e desenvolver sintomas depressivos.
Por outro lado, podemos comparar-nos socialmente com outras pessoas semelhantes a nós ou na mesma circunstância que nós, como forma de nos balizarmos e refletirmos sobre nós próprios. Só nos comparando com a diferença e mantendo uma referência, podemos categorizar-nos e definir quem somos. A título de exemplo, para saber que sou rico, preciso de conhecer o que é ser pobre e, por isso, comparar-me. Assim, a comparação social ajuda-me a desenvolver a minha identidade e a definir-me enquanto pessoa.
Podemos ainda comparar-nos de forma positiva, olhando para alguém como inferior a nós numa determinada área. Este tipo de comparação faz-nos sentir melhor connosco próprios. Estudos indicam que pessoas com doenças graves tendem a comparar-se positivamente com outras pessoas com piores prognósticos para se sentirem melhores relativamente à sua situação.
Em suma, parte do desenvolvimento da nossa autoimagem e autoestima tem origem nas interações sociais que vamos mantendo ao longo da nossa vida. Desta forma, as outras pessoas ajudam-nos a definir quem somos e o que gostamos em nós. No entanto, a forma como olhamos e escolhemos interpretar as situações, vai determinar o seu impacto na nossa autoestima. Não nos compararmos é impossível, é algo inato em nós. Mas podemos ganhar consciência de quando e com que frequência o fazemos e procurar corrigir o tipo de comparação que fazemos nos diferentes momentos. Desta forma, diminuímos a probabilidade de desenvolver emoções como inveja, culpa e comportamentos defensivos que normalmente se associam ao julgamento proveniente da comparação social negativa.
Um psicólogo pode ajudá-lo a ser mais consciente dos seus padrões de comparação e a desenvolver uma autoimagem e autoestima mais positivas.
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