Alunos com necessidades educativas especiais (NEE): Estratégias de intervenção para professores e educadores

A teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner define que todos e cada um de nós temos capacidades e incapacidades dentro do nosso repertório intelectual. Deste modo, a criança/jovem com deficiência não deve ser marginalizado ou catalogado, pois, assim como as demais crianças/jovens, também ela apresenta capacidades e debilidades repartidas.

Se considerarmos, então, que todos nós temos habilidades/capacidades e também fragilidades/incapacidades, a teoria de Gardner leva-nos a defender um novo paradigma educativo, que não seja centrado, por um lado no défice ou no produto final, e por outro que não privilegie apenas um ou dois talentos, designadamente o raciocínio lógico-matemático e as apetências verbais-linguísticas. Esta teoria propõe um modelo centrado no crescimento e no desenvolvimento. Ideologia esta muito mais proveitosa para todos os alunos, já que defende que o ensino se centre não no que falta em cada aluno (no défice), mas sim no que cada aluno apresenta de valor, pois dessa forma são destacadas as distintas capacidades de cada um, possibilitando o desenvolvimento e crescimento pessoal, emocional e profissional.

Este novo paradigma não oculta a realidade, simplesmente reconhece as incapacidades ou deficiências de cada um, reconhecendo nos alunos com necessidades educativas especiais pessoas com capacidades, devendo-se trabalhar e desenvolver essas capacidades.

Na prática diária das escolas, deveriam ser adotadas algumas estratégias que valorizassem e aplicassem a teoria de Gardner. Uma delas seria tirar proveito dos muitos exemplos que a História nos tem dado de indivíduos que pelo seu percurso de vida contribuem para comprovar a veracidade da teoria das inteligências múltiplas. São seres humanos que lutaram contra dificuldades de algumas dificuldades. O estudo desses indivíduos pode revelar a existência de pessoas com toda uma classe de necessidades especiais que também estão excecionalmente dotadas em uma ou mais das oito inteligências. A teoria das Inteligências Múltiplas é um bom contexto para falar destas personagens e aplicar a sua compreensão às vidas dos alunos que estão a lutar contra problemas similares.             Uma outra estratégia que devia ser aplicada na prática diária das escolas consiste em realizar um diagnóstico das oito inteligências, com uma descrição pormenorizada das capacidades e incapacidades que cada aluno apresenta, distribuídas por todo o mapa das distintas inteligências. Uma vez realizado o diagnóstico é necessário desenhar um plano individualizado que responda às caraterísticas especificas de cada aluno e que permita desenvolver o máximo de todas as suas capacidades. Desta forma, os professores/educadores poderão concentrar a sua atenção nos pontos fortes dos alunos com NEE e, desse modo, desenvolver estratégias de ajuda adequada às suas caraterísticas e necessidades.

De acordo com a teoria de Gardner, os professores/educadores devem atuar como vigilantes dos pontos fortes que cada aluno apresenta em cada uma das diferentes inteligências múltiplas, o que a torna uma estratégia muito eficaz, pois permite contribuir com soluções positivas às necessidades especiais, uma vez que possibilita que cada aluno trabalhe e desenvolva as suas potencialidades, de acordo com os seus talentos mais desenvolvidos. Do mesmo modo, o papel do professor/educador passa de um simples e rotineiro transmissor de informação a “ explorador” de inteligências, um facilitador de aprendizagens e catalisador de experiências cristalizadoras ao longo de todo o processo de crescimento e maturação do aluno.

Em conclusão, esta teoria apresenta variados benefícios, potencialidades e diferentes linhas de trabalho que podem ser exploradas em sala de aula. Define-se como uma ferramenta educativa a ser utilizada em contexto escolar, dado que promove o uso de diferentes e variados materiais, metodologias diversas e modelos educativos flexíveis. Além disso e sobretudo, esta teoria respeita as distintas diferenças que existem nos indivíduos e as diferentes formas como aprendem.

Dra. Ana Isabel Lopes
Ensino Especial e Apoio Psicopedagógico| HEURÍSTICA – Centro de Psicologia e Educação

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