19 Abr Estilos Parentais: Qual o meu?
Embora todas as famílias sejam únicas, a classificação por estilos parentais é bastante útil para perceber as dinâmicas familiares e seus efeitos nas crianças, assim como é um excelente auxílio para orientar as famílias. Os estilos parentais são, nada mais, nada menos, do que o conjunto de atitudes, estratégias e práticas que caracterizam o modo como os pais ou cuidadores educam e interagem com os seus filhos em diversas situações. Estas práticas adotadas pelos pais baseiam-se nas suas próprias crenças e valores e influenciam significativamente a formação da personalidade e padrões futuros das crianças.
Este estudo das relações entre pais e filhos divide os tipos de práticas em 4 estilos:
Estilo Autoritário, Estilo Permissivo, Estilo Negligente e, finalmente, Estilo Democrático.
De seguida explicamos quais as práticas e atitudes adotadas em cada estilo parental e os efeitos que habitualmente, têm nas crianças.
Estilo Autoritário
Pais ou cuidadores autoritários tendem a ser muito exigentes e controladores. Desvalorizam os sentimentos e emoções dos seus filhos e tentam modelar, controlar e avaliar o comportamento da criança de acordo com o padrão, deixando pouco espaço para a liberdade de expressão da criança. Pais autoritários gostam do controlo firme e, por isso, mantêm uma distinção de estatuto (estabelecem quem manda), não esclarecem expectativas, restringem a autonomia e valorizam a obediência, favorecendo punições e medidas disciplinares duras, incluindo a retirada de amor. A título de exemplo, num momento de birra à hora de almoço, são o tipo de pais que obrigam os filhos a comer tudo, tornando o momento stressante para a criança.
Filhos de pais autoritários tendem a ser…
• Desconfiados – Devido à falta de comunicação e esclarecimento, por parte dos
pais, sobre as razões pelas quais as tarefas eram pedidas, os filhos desenvolvem
uma dificuldade em perceber o outro e as suas intenções;
• Descontentes
• Pouco independentes – A autonomia nunca foi promovida;
• Menos participativos – Apresentam dificuldades de socialização e, por isso,
níveis médios de responsabilidade civil.
Estilo Permissivo
Pais ou cuidadores permissivos são o oposto de pais autoritários, pelo que são indulgentes e pouco exigentes, cobram poucas responsabilidades e não impõem regras. Pais permissivos são muito centrados nos filhos, logo, tendem a dar muito apoio e atenção emocional, contudo, fornecem pouca direção aos filhos. Apresentam-se como um recurso para a criança apenas quando ajuda é pedida, logo, não são agentes ativos. São aceitantes, consultam os filhos para a tomada de decisão, fazem poucas exigências (ex. notas, educação, comportamentos, etc), exercem pouco controlo e também não encorajam a obediência, usando apenas explicações e manipulações, mas não um poder explicito. Utilizando o mesmo exemplo supramencionado, num momento de birra ou recusa alimentar, são o tipo de pais que substituiriam o almoço por um biscoito, sem estabelecer um diálogo ou impor limites.
Filhos de pais permissivos tendem a ser/ter…
• Pouco autoconfiantes – Por falta de referência dos pais, têm dificuldade em identificar se se comportam da melhor forma, acabando por duvidar de si mesmos;
• Pouco exploradores – Quanto menos autoconfiantes, menor a vontade de explorar;
• Pouco independentes – Habituaram-se a esperar que os pais façam as tarefas por eles.
• Problemas comportamentais/Comportamentos disruptivos
Estilo Negligente
Pais ou cuidadores negligentes são aqueles que não prestam os cuidados básicos às crianças, sendo considerados pais ausentes. Não lhes dão atenção, não tentam controlar, não apresentam regras ou limites, deixando a responsabilidade na criança (ex. se estuda, se come às refeições, se toma banho, etc). São pais rejeitantes que não dão apoio ou orientação aos filhos e não se esforçam para enriquecer o seu ambiente. No exemplo explorado, deixariam a criança fazer e/ou comer o que quisesse, se quisesse.
Filhos de pais negligentes tendem a ser/ter…
• Pouco autoconfiantes – Nunca validaram as suas qualidades, logo, não compreendem as suas competências e capacidades;
• Pouco exploradores – Nunca foram motivados a explorar, nem se sentem capazes de o fazer;
• Atraso de desenvolvimento – Pela falta de recursos para prosperar e/ou orientações para se desenvolver
• Dificuldade de socialização
Estilo Democrático
Pais ou cuidadores democráticos adotam a abordagem aconselhada. Primeiramente, tentam educar de uma forma racional, ou seja, explicam razões e esclarecem expectativas em relação ao que é esperado da criança e encorajam a comunicação e pedem opiniões, promovendo a liberdade de expressão. Além disso, conseguem impor a sua autoridade oferecendo a perspetiva do adulto, mas aceitando e validando a da criança. Usam explicações e poder pouco punitivo, mais centrado nos incentivos. Motivam, encorajam e validam a criança, oferecendo orientações para padrões futuros, mas reconhecendo qualidades atuais.
Filhos de pais democráticos tendem a ser/ter…
• Independentes
• Responsáveis socialmente
• Mais dirigidos para a prossecução de objetivos
• Satisfeitos
• Exploradores
• Autoconfiantes
• Autónomos
• (…)
E você, que tipo de pai/cuidador é?
Esperamos que o conhecimento dos estilos parentais o/a ajude a compreender a sua conduta e orientá-la da melhor maneira, se necessário. Se suspeita precisar de ajuda profissional para o fazer, um psicólogo pode ajudar!
Psicologia da Educação | Heurística – Centro de Intervenção e Apoio Pedagógico e
Psicológico