08 Fev Relações amorosas & Intimidade
O que é a Intimidade numa relação amorosa?
Um erro comum de vários casais passa por não compreenderem verdadeiramente a dimensão da intimidade e no que ela consiste, o que os leva a investir em detalhes, sem realmente trabalharem o essencial. Ao contrário da crença mais comum, a intimidade não envolve apenas a dimensão da fisicalidade, do toque e proximidade corporal. Essa é apenas uma das suas facetas e pode até estar bastante dependente das demais para fluir plenamente. Confuso? Nós explicamos:
Existem, na verdade, vários tipos de intimidade, nomeadamente Intimidade Física, Intimidade Emocional e Intimidade Intelectual. Passaremos agora a explicar detalhadamente cada uma delas.
- Intimidade Física
A Intimidade Física, provavelmente a mais conhecida por todos, é aquela que envolve todas as formas de toque, desde um aparto de mão, um abraço e um beijo, até mesmo ao sexo. Este tipo de intimidade cresce numa relação na mesma medida em que o casal vai também alimentando o amor um pelo outro. Ressaltar que, neste tipo de intimidade, é importante que sejam estabelecidos limites, pelo que demasiado toque do que é esperado no escopo da relação pode originar insegurança, assim como pouco toque também pode fazer uma relação sofrer. A intimidade física prospera dentro dos limites específicos de cada relacionamento.
Com que se parece a intimidade física?
· Expressar o amor através do toque físico;
· Sentir-se seguro para ter um desejo de tocar e ser tocado.
O que alimenta a intimidade física?
· Desenvolverem atividades relaxantes juntos, como alongamentos, yoga e/ou meditação, para que desenvolvem segurança e conexão um com o outro;
· Praticarem exercício físico juntos, desenvolvendo conforto em torno do estado fisicamente natural do corpo (ex. suores, ficar ofegante, etc);
· Se a intimidade física for desconfortável para um dos parceiros, começar com algo pequeno, como abraços prolongados ou dar as mãos durante um passeio;
· Comunicar um com o outro sobre onde podem ou não tocar, com que pressão, o que gostam e não gostam durante momentos íntimos, medos e receios, etc.
O que pode quebrar a intimidade física?
· Não questionar o parceiro sobre as suas necessidades, preferências e desejos (falta de reciprocidade);
· Apenas demonstrar intimidade para iniciar ou durante o sexo;
· Um parceiro sentir-se inseguro, envergonhado ou julgado.
- Intimidade Emocional
Este tipo de intimidade baseia-se numa peça chave: a validação. Validar alguém significa ajudar a pessoa a sentir-se compreendida, aceite e amada por quem é, como se realmente compreendêssemos como ela vê a situação, oferecendo apoio na sua perspetiva. Os nossos relacionamentos mais próximos são construídos sobre a garantia de que vemos as nossas emoções validadas. A validação fornece segurança emocional, ou seja, ajuda as pessoas a sentirem-se aceites pelos seus pensamentos, sentimentos e preferências, a sentirem que são importantes para o parceiro e que o seu relacionamento é seguro. Assim sendo, a intimidade emocional é a intimidade que deriva de se ser ouvido, logo, cresce quando sentimos que alguém tirou o tempo para nos compreender. É também a mais difícil de se desenvolver.
Com que se parece a intimidade emocional?
· Parceiros mostram-se curiosos e fazem um esforço para compreender as perspetivas um do outro;
· Parceiros sentem-se seguros e aceites quando são vulneráveis um com o outro;
· Parceiros estão conectados com as emoções um do outro.
O que alimenta a intimidade emocional?
· Ser curioso em relação às experiências do outro, ouvir e validar as suas emoções;
· Em vez de fazer suposições sobre as partilhas, pedir clarificações;
· Elogiarem-se e encorajarem o outro a partilhar e expressar o seu verdadeiro eu e serem vulneráveis;
· Partilhar emoções e medos reais. Se for desafiante, começar por partilhar verdadeiros sentimentos em relação a pequenas coisas (ex. não gostou da comida).
O que pode quebrar a intimidade emocional?
· Invalidar (“Oh, não foi assim tão mau”), julgar ou ridicularizar os sentimentos do outro;
· Saltar para a resolução dos problemas sem ouvir e perguntar ao parceiro quais as suas necessidades;
· Quando um parceiro não está confortável para falar sobre os seus sentimentos.
- Intimidade Intelectual
Por fim, a intimidade intelectual remete-nos para um nível mais profundo de intimidade, que envolve a partilha de pensamentos, interesses, atividades e valores. Os seres humanos são naturalmente atraídos não só por pessoas que partilham da mesma visão do mundo e paixões, assim como por pessoas que são capazes de nos desafiar e expandir a nossa própria visão. Assim sendo, este tipo de intimidade une as pessoas através dos seus interesses comuns, mas a peça chave é a vontade de realmente estar aberto, tentar e aprender coisas novas. A intimidade intelectual cresce na medida em que se vão partilhando atividades interessantes e discutindo ideias em conjunto.
Com que se parece a intimidade intelectual?
· As conversas são satisfatórias e fluem sem esforço;
· Uma sensação de segurança que acompanha a partilha de valores autênticos, mesmo que estes envolvam perspetivas desafiantes;
· Abertura para discutir e respeitar opiniões diferentes;
· Abertura para expandir a nossa perspetiva individual.
O que alimenta a intimidade intelectual?
· Cultivar simples conversas significativas todos os dias;
· Os parceiros sentirem-se seguros para partilhar as suas verdadeiras opiniões;
· As opiniões serem ouvidas e respeitadas;
· Estar aberto para ver as suas crenças desafiadas e ouvir novas perspetivas;
O que pode quebrar a intimidade intelectual?
· Os parceiros não se sentirem ouvidos;
· Desrespeitar, julgar ou envergonhar o outro pela sua perspetiva;
· Sentir necessidade de estar certo ou esperar que o outro partilha da mesma perspetiva.
Agora que já compreende a intimidade nas suas diferentes dimensões, está pronto para colocar estas dicas em prática e levar a sua relação ao próximo nível? Em caso de dificuldade, em psicólogo pode ajudar!
Dra. Vânia Ferreira
Psicóloga Clínica e da Saúde | Heurística – Centro de Intervenção e Apoio Pedagógico e Psicológico