Falta de Produtividade & Culpa

Alguma te sentiste culpado quando não és tão produtivo como gostarias?

O que sentes é a chamada culpa de produtividade e refere-se a um mindset em que te sentes mal quando não estás a criar, atingir, a produzir ou a trabalhar para o teu sucesso. Nestes momentos, podes ter pensamentos intrusivos sobre como desperdiçaste o teu tempo, como não és bom suficiente, como és um fracasso e não tens direito a descansar porque não fizeste o suficiente.

Esta culpa é bastante comum e é originária de vários fatores, incluindo o desejo de produtividade de uma sociedade capitalista e a nossa exposição constante a criatividade online. Somos condicionados a usar o termo “ocupado” como um crachá de honra e a glorificar a ideia de uma cultura de agitação. Como resultado, sentimo-nos constantemente inadequados, ansiosos e stressados.

E, no final, esta culpa não cumpre o propósito de nos fazer produzir mais!

Pesquisas indicam que trabalhar mais horas não resulta em maior produção e que comparar as nossas conquistas com os progressos e conquistas dos outros é prejudicial para o nosso bem-estar, como também é contra produtivo. Somos seres humanos que precisam de cuidado e descanso, antes de sermos criadores, funcionários, estudantes, etc.

Mas então, como posso lidar com esta culpa?

  • Lembra-te de que há uma diferença entre ser produtivo e estar ocupado: Ser produtivo significa organizar o teu tempo de forma a reduzir tarefas desnecessárias e focar no essencial. Não significa riscar tudo da lista de tarefas. Algumas dessas coisas não são prioritárias e está tudo bem em adiá-las.

 

  • Reenquadra e reavalia a situação: Reconhece que a perceção de que estás a falhar com alguém ou que alguém vai ficar desiludido pela tua falta de progresso são apenas pensamentos subjetivos e podem não corresponder à realidade. Pergunta a ti próprio: “Qual é a história que estou a contar a mim próprio para me sentir assim? De que outra forma posso olhar para esta situação?”.

 

  • Pensa no descanso como produtivo: Lembra-te que abrandar para renovares energias, levar o teu tempo para te recarregares e dar permissão a ti mesmo para parar é produtivo. Fazer pausas não significa ser preguiçoso, apenas significa que reconheces que precisas de descansar para te cuidares e para que não acabes em burnout. Permite-te descansar, sem sentir culpa por isso.

 

  • Mantém em mente a lei dos rendimentos decrescentes: Um dos erros que podes estar a cometer quando cais na armadilha da culpa de produtividade é continuares a trabalhar para compensar momentos em que te sentiste improdutivo. Ou seja, sabes que já não estás a ser produtivo, mas, mesmo assim, não paras! Esta lei defende que após um certo ponto, maior esforço não se vai traduzir em maior produção. Por isso, reconhece quando atinges esse ponto e para simplesmente.

 

  • Foca-te na jornada, não no objetivo final: Uma das razões que te faz sentir esta culpa é o facto de ainda não estares onde queres estar. Tu tens uma visão de um “Eu-Ideal” que é mais disciplinado, mais bem sucedido, mais daquilo que tu queres ser.. E podes ficar fixado nesse espaço que existe entre essa pessoa e onde tu estás agora. Em vez de te focares nesse espaço, foca-te no que estás a fazer, a cada dia, que te aproxima um bocadinho mais desse objetivo.

 

  • Cancela a comparação: Não é suposto que a tua criatividade, trabalho e progresso sejam iguais à dos outros. Ninguém no mundo tem exatamente as mesmas capacidades e habilidades que tu. Valoriza o teu próprio esforço, celebra o teu próprio crescimento e respeita a tua própria jornada.

 

  • Aceita que vais ser sempre imperfeito: Perfeição não é o alvo para o qual tens de estar a apontar. Em vez disso, aponta para “ser humano”. O que é que isso significa? Significa que podes ter altas expectativas e procurar a excelência, mas também que reconheces que és apenas humano e há um limite de coisas que consegues manter em mente. Falhas são parte do percurso.

Apesar de fazer esforços para ser produtivo e eficaz no teu trabalho seja benéfico, é igualmente importante estares consciente de como essa procura pela produtividade nos pode afetar negativamente. Um psicólogo tem como função ajudar-te a trabalhar no teu autoconhecimento, para que consigas tomar decisões autónomas e conscientes no teu dia-a-dia.

Se sentires que não consegues colocar estas dicas em prática, procura ajuda de um profissional.

Psicologia Clínica e da Saúde | Heurística – Centro de Intervenção e Apoio Pedagógico e
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