09 Nov Ataques de Pânico: O medo de ter medo
Os ataques de pânico são sensações como: falta de ar, aceleração dos batimentos cardíacos, sensações de calor ou frio, tonturas, suor, perda de controle urinário, náuseas, dores no peito. Estas sensações são geralmente acompanhadas de algum medo em relação às próprias sensações, como por exemplo: morrer, ter um ataque cardíaco, perder o controlo ou enlouquecer. Por causa de todo este desconforto, é comum as pessoas começarem a ter preocupações frequentes sobre ter um novo ataque de pânico ou sobre as próprias consequências de ter um ataque de pânico. Estas preocupações podem ter prejuízos e limitações para quem as vivencia. As pessoas que têm ataques de pânico frequentes tendem a evitar alguns locais e situações por não se sentirem seguras, ou apenas se sentem seguras se estiverem acompanhadas.
A principal informação a passar sobre os ataques de pânico é que todas estas sensações que as pessoas experienciam no seu corpo, apesar de serem realmente desconfortáveis, não são perigosas da forma como as pessoas as imaginam. As sensações de um ataque de pânico fazem parte da ativação de um sistema de defesa do organismo para que possamos lidar com as adversidades – resposta de “luta ou fuga”. Cada sensação tem uma função especifica que preza pela nossa sobrevivência. Este sistema serve para nos alertar e nos proteger. No entanto, quando ele fica desregulado, é ativado sem verdadeira necessidade (ou seja: um ataque de pânico) e pode vir a trazer algum desconforto, o que, no entanto, não quer dizer que exista perigo real, é apenas um falso alarme que acaba por ativar o nosso corpo. Assim, da mesma forma que o corpo possui um alarme que nos prepara para a defesa e ativa tantas sensações, ele também tem um sistema de reparação que nos consegue autorregular, fazendo com que as sensações desconfortáveis desapareçam. Isto quer dizer que a ansiedade não pode e não vai crescer infinitamente!
Como é que os meus pensamentos influenciam os ataques de pânico?
Quando pensamos, a nossa tendência é considerar cada pensamento como uma verdade absoluta. No entanto, os pensamentos podem e devem ser interpretados como hipóteses que nós podemos e devemos questionar e desafiar, porque eles não são factos.
Nos ataques de pânico, a forma como avaliamos as sensações corporais é fundamental para o nível de desconforto que sentimos. Existe uma tendência das pessoas com ataques de pânico de direcionarem a sua atenção para as suas sensações e os pensamentos ou avaliações que costumam fazer sobre essas sensações geralmente são catastróficos. Ou seja, tendem a antecipar as piores consequências possíveis em relação ao desconforto que sentem (por exemplo, “vou-me sentir mal”, “não vou aguentar”). Estas interpretações sobre o perigo e vulnerabilidade costumam aumentar os níveis de ansiedade, ou seja, intensificam as sensações que já sentem. E quando isso acontece, talvez pensem “as sensações estão a aumentar, por isso, isto é uma prova de que me vou sentir mal e de que não vou aguentar”, quando, na verdade, a própria pessoa fez com que as sensações aumentassem, através de um ciclo de pensamentos catastróficos.
Então, como podemos lidar com um ataque de pânico?
Primeiramente temos de aceitar as sensações de ansiedade e aprender a recebê-las e não as evitar. Entender que não vai morrer, a probabilidade de desmaiar é de 0.05% e a melhor forma de as sensações deixarem de aparecer, é conviver com elas quando elas aparecem. Técnicas de respiração podem ajudar a lidar com estes sintomas quando eles aparecem, para que, em vez de os evitar, possa enfrentá-los.
E depois é necessário questionar estes pensamentos que tendemos a considerar como verdades absolutas e que devem ser questionados e desafiados.
Por fim, é crucial começar a enfrentar as situações para perceber que nada vai acontecer e provar ao seu cérebro que aqueles sítios que evita, afinal são seguros.
Por vezes, este caminho pode ser desafiante, lembre-se: Um psicólogo pode ajudar!